Em resposta a um e-mail coloquei uma pergunta reflexiva: “Quién son nuestros hermanos?”.
Reporto-me à época da proclamação da nossa República Rio-grandense em Setembro de 1836.
Há apenas oito anos a Província Cisplatina (pertencente ao império brasileiro) proclamara-se República Oriental Del Uruguay.
Através de seus líderes e heróis em campo conquistara o direito de ser independente, porém não o direito de estabelecer limites entre os dois, agora, países.
O povo, digamos, civilizado, constituía as pequenas e raras povoações da época: Colônia, Montevidéu, Rio Grande, Viamão e Rio Pardo se destacavam. O restante deste imenso território entre a nascente do rio Uruguai até sua foz chamada de Rio de La Plata (e entre este e o mar), era uma terra só! Seus habitantes não distinguiam o Norte do Sul desta região a não ser pelo fato de que, pelo Norte, surgiram ameaçadores os Portugueses com seus mamelucos.
Havia, naquele então, o entendimento de que este território pertencia de fato e de direito aos espanhóis, e de que os Portugueses eram nada melhor do que “invasores” que buscavam, pela força das armas, conquistá-las.
Ora, a solução encontrada para aquele conflito foi salomônica: “Dividamos esta terra ao meio, e demos-lhes a cada contendor uma metade!”.
Teria parecido justa a alguém?
Aos Portugueses e aos Ingleses, sim!
Os portugueses levaram vantagens territoriais e os Ingleses, políticas. Mas, e quanto aos seus habitantes e donos legítimos, os espanhóis dos vilarejos e os gaúchos do pampa? Foi justo?
Não é de se estranhar, portanto a grande amizade e influência que tinham os líderes uruguaios na Guerra dos Farrapos, e nem o natural desejo de boa parte do povo interiorano de conseguir sua independência e unir-se novamente a seus “hermanos”, já independentes, do Sul!
Esta influência era tão forte que vencera até mesmo os coronéis do exército imperial, Netto, Canabarro e Bento Gonçalves. Sargentos e Capitães imperiais prontamente incorporaram-se às expectativas populares e se tornaram grandes e imortais heróis farrapos, como Corte Real, João Antônio da Silveira, Teixeira Nunes e muitos outros.
Com a derrota na Guerra o território independente da República Rio-Grandense foi re-anexada ao Império. E estes homens, conhecidos e anônimos, que lutaram por sua liberdade e re-união com seus “irmãos do Sul”? E ainda aqueles que não lutaram, mas que mantinham vivas as esperanças de um dia voltarem a terem seu território original livre e em paz? Foi justo com eles? Devemos esquecê-los e abandoná-los em suas aflições?
Perdemos a guerra mas não perdemos nossas consciências, nem nosso desejo de liberdade!
Bem, hoje vivemos sob imposição. Falamos o Português e obedecemos a legislação brasileira... Mas, em nosso coração, em nossa alma pampeana, do contexto original de nossa cultura gaúcha, pergunto novamente, quién son mismo nuestros hermanos?
Sds
Romualdo Negreiros
14 março 2007
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2 comentários:
Bem, creio que por mais que exista esta identidade com as nações porteñas, não devemos unir-mos a eles como uma só nação. Claro que deve existir cooperação, pois somos muito mais parecidos com eles do que com o Brasil. Mas, no meu entendimento, ainda somos suficientemente diferentes para sermos uma única nação, em todo caso, ainda seria melhor que a atual situação.
Plenamente de acordo, meu amigo.
Naquela época ainda estava muito presente a idéia de que nossas regiões poderiam formar um único país, mas por conta da grande influência portuguesa aqui no Rio Grande, a maioria simpatizava com a idéia original de Federação: Países independentes, como Uruguai, Rio Grande, Argentina e Paraguai, poderiam unir-se em "confederação" para o alcance de objetivos mútuos, como acontecera com aquele país da américa do norte.
Aproximação por afinidade, mas nunca "fusão", como pretendem os nacionalistas brasileiros...
Abraço
O Separatista
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