12 abril 2007

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"Vamos nos separar do Sul"
Marcelo Pessoa*

Quem assiste regularmente o programa do Silvio Santos no SBT vê palhaços, malucos engolindo espadas e fogo e esquizofrênicos saltando de um lado parao outro do palco. Os telespectadores se deliciam, jurados - metidos a reis romanos - dão um dinheirinho ao pateta e o apresentador do programa se sente o senhor do mundo, pois detêm o poder de proporcionar graça com desgraça.
O que esses "artistas" do Silvio Santos tem em comum?
São todos nordestinos ou representantes do "povo menor", como temos sido batizados nas ultimas décadas. Pouca gente se incomoda com isso. Afinal, o nordeste é tão rejeitado pelos brasileiros de "nível" que só um ou outro se recorda do Estado onde nasceu um nordestino amigo seu.
Todo Pernambucano é baiano apesar dos 839 quilometros que separam Salvador do Recife. E até um paraense, que é do Norte, vira paraibano, numa afronta a seus valores regionais. Ai de nós, nordestinos, se chamarmos um fluminense de paulista ou vice-versa. Quando o presidente americano Ronald Reagan esteve no Brasil e chamou os brasileirosde bolivianos foi um escândalo. A imprensa abriu páginas e páginas ao assunto, e o patriota irritou-se. Com os nordestinos não há problemas. Somos todos iguais na cabeça dos sulistas. Quem conhece a fundo o Nordeste sabe que a região não é pobre porque quer. Ou que boa parte de seu povo não é ignorante por opção.
O aguerrido nordestino, que suporta a desgraça com dignidade, vive em estado de penúria porque a área desenvolvida do Brasil, ao sul da Bahia, assim determinou.
Pior do que isso, sabe que o Palácio do Planalto, que deveria zelar pelo bem estar de seu povo, não planeja um programa eficiente para fazer o Nordeste avançar e nem combater a fome porque isso faria o nordestino pensar.
Pensando, cedo ou tarde esse nordestino perceberia que, mais do que mão-de-obra barata para o sul e macaco nos programas de auditório, ele é um eleitor, um contribuinte.
E imaginar que essa condição patética a que somos presos continua a ocorrer numa gestão em que o presidente da República também é um cabeça-chata, um amante da carne-de-sol e da água-de-coco. Se não podemos deixar de ser um vagão vazio puxado pela locomotiva "sul", porque não tentamos, sem ajuda dos que nos oprimem, montar nossa própria República?
O Brasil poderia deixar de ser uma Federação com 23 Estados para ter apenas quatorze. Nove das atuais unidades federativas, juntamente as que formam o nordeste brasileiro, passariam a constituir um novo país: a República Federativa do Nordeste.
Trata-se de um racha que já existe "defato" há séculos e que poderia concretizar-se de modo legal. Através dele, o país teria duas nações, cada qual com suas crenças e hábitos. Tenho tanta convicção nessa teoria que, se fosse posta nas ruas dos nove Estados nordestinos em forma de plebiscito do tipo sim ou não, a bandeira da separação sairia vitoriosa com larga margem de votos.
Infelizmente, o nordeste nunca foi mais do que um consumidor dos excedentes da produção sulista, algo que nos reduz a bizarra condição de colônia dentro das fronteiras brasileiras.
A situação é tão humilhante que vivemos sob a pecha de mendigos. O governo dá esmola aos pobres irmãos do Nordeste, e, por um mecanismo político sofisticado, esse dinheiro se transforma em mansões e retorna para os próprios doadores, num passe de mágica que Silvio Santos adoraria apresentar no seu programa. Os bobos aqui ficam a ver navios.
O sul, por sua vez, nos dá esmola quando abre suas fronteiras para receber o nordestino que ajudou a construir cidades inteiras: o salário que nos paga é um absurdo - coisa do tempo da escravidão. Chega de viver com o chapéu na mão!
A relação entre os Estados está tão desalinhada que não há forma suficiente para uni-los que não passe pela separação. Os nordestinos não agüentam mais o abuso e mais dia menos dia pegam nas peixeiras para declarar independência. Afinal, eles estão perdendo o seu maior dom, já não tem o sentimento de natividade e o amor pela terra desapareceu. Por tudo isso, entendo que a saída é a independência decretada com autonomia política, econômica e social para nossa região.
A economia do Nordeste, tenho certeza, não enfrentaria muitos contratempos: temos frutas, peixes, minérios, uma industria agropecuária que pode crescer bastante e homens dispostos a trabalhar, como dizia Graciliano Ramos. A indústria canavieira seria obrigada a modernizar-se porque perderia seu maior tutor - o Proálcool. Os usineiros não poderiam mais mamar no governo e sacrificar o povo. A cisão forçaria, então, um desenvolvimento rápido, atingido pela busca de soluções imediatas. A decisão de separar o país, contudo, é pacífica. Não queremos guerra. Queremos um acordo em que os dois brasis seriam parceiros econômicos constantes. Nosso turismo, por exemplo, ganharia uma forca tremenda. O capital estrangeiro poderia nos ajudar a desenvolver uma infra-estrutura hoteleira decente.
A proposta não tem cheiro comunista. Não vamos ver o Nordeste virar Cuba. Queremos apenas sossego para gerir nossos próprios destinos. O nordeste quer isso desde o século XVII, quando os pernambucanos se uniram aos maranhenses para expulsar os franceses do Maranhão, terra de Sarney. Em 1824, a Confederação do Equador pregava um movimento separatista. Infelizmente, o desfecho foi a execução de seus lideres, entre eles Frei Caneca. A idéia continua de pé. Se alguém dúvida que somos cérebros pensantes, que nos deixe em paz. Os cabeças-chatas estão cansados de sofrer.

*Marcelo Pessoa é vereador sem partido em Recife.

02 abril 2007

Por quê?!... Por quê?!...

Um dos momentos mais marcantes da reunião do MSP em Porto Alegre passou-se quando o Secretário Celso Deucher (que, reconhece-se, é um excelente orador) questionou-nos quanto à apatia generalizada dos gaúchos frente a um MSP-SC e MSP-PR tão mais fortes... Por quê os gaúchos, que considera-se o estado com maiores condições de obter a independência, com um passado de lutas separatistas tão marcantes, hoje anda tão acovardado, recluso, irritantemente passivo?

Este questionamento forte e vibrante mecheu com os brios de alguns visitantes presentes, que apenas observavam, criando um clima de confronto e mal estar.

Entendo a decepção e a indgnação do companheiro Celso, e vou respondê-lo aqui, e na lista msp, porque no momento não me foi possível tomar a palavra.

Os integrantes do msp têm uma visão global de um país composto pelo território dos três atuais estados do Sul do Brasil. Vêem a predominância de gaúchos neste território e consideram a questão cultural resolvida e em segundo plano,porque em primeiro está o econômico, o produtivo!
Quem está em Santa Catarina e Paraná vê isso claramente sem muito esforço...

Mas o Gaúcho tem outra visão de mundo! Eis a diferença!
O tipo humano culturalmente Gaúcho, vê o Rio Grande como a sua pátria! Simplesmente isso!

Em primeiro lugar, em seu coração está o Rio Grande, tal e qual conhecemos hoje. Os demais estados, embora importantes e irmãos, não ocupam o mesmo espaço, ficam em segundo plano, são "os outros"...

Se considerarmos pelo lado econômico, claro que é mais interessente obtermos um Sul Livre!
Mas o Gaúcho não coloca a questão econômica acima da cultural...

Termos o nosso Rio Grande independente, tal qual o sonho idealizado dos nossos antepassados Farrapos, é tudo o que queremos!
Se nossos irmãos catarinenses e paranaenses quizerem também sua independência, ótimo! Contem conosco!
Conquistaremos juntos a independência dos três estados, mas um independente do outro, nunca fundidos num só país!

O país "Sul", é uma invenção nova, e o gaúcho, no geral, não simpatiza com ela. Porque o gaúcho já tem sua pátria encravada em seu coração, e sua pátria é o Rio Grande! Apenas e tão somente o Rio Grande, e mais nenhum anexo!

Tanto é verdade que, quando os lagunenses, ajudados pelos Farrapos, conquistaram sua independência, não anexaram seu território ao Rio Grande (como era de se esperar), mas sim, significativamente, proclamaram uma outra República, independente da República Rio-Grandense!
Com os lageanos deu-se o mesmo!

O Gaúcho, portanto, plasmou-se dentro de limites territoriais! Mesmo que existam gaúchos em Sta Catarina, Paraná e espalhados pelo resto do Brasil, ainda a sua pátria, a sua querência, é o Rio Grande... Isso está inserido dentro da própria cultura gaúcha... E isso o msp não consegue ver!

O Gaúcho, sem o Rio Grande, perde sua identidade... Vira "sulista", um elemento híbrido, sem passado, sem cultura definida...

Não é isso que queremos...

Por isso, indignado amigo Celso, o msp pode até ter um núcleo em cada cidade do Rio Grande, pode até obter um certo desenvolvimento aqui, mas não ganhará a simpatia do povo em geral, não o suficiente para aprovar a criação deste "novo país".

No coração do gaúcho já existe um país, uma pátria... E ela é, e há de ser sempre, o nosso amado Rio Grande, com o seu antigo e verdadeiro nome "República Rio-grandense".

Aos companheiros do Gelirg reafirmo: Dentro do nosso grupo ainda temos liberdade de ação. Podemos tranquilamente militar nos dois movimentos, lutar pelo engrandecimento e desenvolvimento dos dois.
Mas não podemos perder de vista nossa vocação natural de conservação e manutenção dos ideais históricos de nosso glorioso passado, o ideal Farrapo de libertar o Rio Grande (e apenas o Rio Grande) das garras imperialistas do Brasil...

VIVA A REPÚBLICA RIO-GRANDENSE ! ! !

O Separatista