REVOLUÇÃO
FARROUPILHA OU GUERRA DOS FARRAPOS?
Romualdo Negreiros
Tenho percebido
em muitos textos de revistas, jornais e principalmente nos meios virtuais, que
tratam sobre a Guerra dos Farrapos, uma notória confusão!
Desde aquela
época os meios de comunicação, a escola (através dos livros escolares), a
leitura de livros considerados “referência”, popularizam este mascaramento, ou acobertamento,
da verdade histórica.
Além de “Revolução
Farroupilha”, chamam de “Guerra dos Farrapos”, “Revolta Republicana”, “Guerra
de 35”, “Década Farroupilha”, “Guerra de 1835 a 1845” e outras referências,
generalizando tudo e colocando os acontecimentos daquela década no Rio Grande,
dentro de uma grande “pasta” chamada “Revoltas Brasileiras”.
Precisamos
deixar claro que essa “confusão” foi deliberadamente plantada pela
historiografia oficialista em colunas de jornais, em revistas e livros editados
desde então, para que as gerações posteriores, não pudessem chegar à conclusão
da sua relevância histórica.
A conclusão
óbvia da leitura clara e verídica do acontecido naqueles idos tempos, deporia
contra o poder estabelecido a partir de então, e por si só promoveria a revolta
popular capaz de culminar em uma nova Guerra. Por causa disso José Domingos de
Almeida foi tão perseguido, caluniado, censurado violentamente na publicação de
um livro que recuperaria os fatos reais, e terminou sua vida completamente só,
pobre e doente.
Mesmo estando nós
ainda sob domínio do mesmo império (Hoje disfarçado de República), e sujeito às
mesmas retaliações sofridas pelos então Farrapos, não posso me calar e deixar
em estabelecida pantomima meus caríssimos compatriotas e companheiros de luta.
Reinterpretando
os fatos, agora a partir do nosso ponto de vista (O ponto de vista do próprio
gaúcho), vamos procurar colocar as coisas nos seus lugares e desmistificar a
maioria dos conceitos errôneos que campeiam pelos meios de comunicação e pelas
redes sociais.
Tudo o que aqui
for exposto pode ser, e será, comprovado tecnicamente em um livro que está
sendo elaborado. Porém fica aqui, apenas como prévia, os resultados dos estudos.
REVOLUÇÃO FARROUPILHA
Farroupilhas
eram todos aqueles que se insurgiam contra o domínio português no Brasil.
Mesmo depois de
Proclamada a Independência (O Brasil continuava um Império!), os cargos mais
importantes e dominantes da sociedade brasileira eram ocupados por Portugueses
ou descendentes dos mesmos. Portanto “Farroupilhas” existiam em todo o
território brasileiro, na Bahia, no Rio de Janeiro, em Pernambuco, e até aqui
na Província de São Pedro. Portanto a revolta que começou em 20 de Setembro foi
reconhecida pelo Brasil como uma Revolta Farroupilha. Sabemos, no entanto, que
a tal revolta só aconteceu no Rio Grande porque havia uma conjunção de outros
fatores, que movimentavam outros interesses, e que juntos, capitaneados por
Bento Gonçalves, já reconhecido como grande Coronel, formou todo aquele corpo
revoltoso.
Portanto,
amigos, a Revolução Farroupilha e o 20 de Setembro não têm muito a ver com a nossa luta atual! Interessa apenas ao
Brasil!
Bento Gonçalves,
embora simpático às idéias independentistas da época e até mesmo à uma
conjunção com o Uruguai, naquele 20 de Setembro armara-se e movimentara-se
apenas com o intuito de depor o então Presidente da Província, Fernandes Braga,
e abafar os focos de resistência que, com certeza, haveriam pelo interior. O
que foi conseguido após um mês, somente:
No dia 23 de
Outubro de 1835, o Coronel proclama: “A nobre empresa que encetamos há trinta
dias já se acabou incruenta e pura. Todos os municípios da Província já têm
reconhecido a autoridade legal do Exmo Sr. Vice-Presidente e em vão os livres
procuram facciosos; estes desapareceram.”
Fim de papo.
Terminou aqui a tão badalada “Revolução Farroupilha”... Esqueçam este nome, por
favor!
GUERRA DOS
FARRAPOS
Houveram
consequências daquela “revolta”? Sim, houveram, e muitas... Mas não vamos
entrar aqui em detalhes, pois não é nosso objetivo agora.
O fato é que,
após quase um ano, a situação estava indecisa, o Império encetou furiosa
perseguição aos revoltosos, e por fim, em 11
de Setembro de 1836, o Gen. Netto, por diversas questões que deixaremos
para o livro, acabou por PROCLAMAR A REPÚBLICA RIO-GRANDENSE!
Ora, o Brasil
ainda era um Império. E como uma República não pode fazer parte de um Império,
equivalia à proclamação de nossa INDEPENDÊNCIA! Afinal, o separatismo era uma
das mais fortes correntes que compunha as forças iniciais de Bento Gonçalves, inclusive
com sua adesão.
A partir deste
momento, todos os confrontos, todos os atos dos Farrapos, mudaram de nome.
Agora os antes
revoltosos eram chamados “SOLDADOS REPUBLICANOS”. O Rio Grande não era mais uma
Província, mas um “ESTADO REPUBLICANO INDEPENDENTE”. Ao invés de Província de
São Pedro do Rio Grande do Sul, agora era a “REPÚBLICA RIO-GRANDENSE”, um país
independente! E a “Revolução farroupilha”, agora é a GUERRA DOS FARRAPOS!
Em 11 de
Setembro de 1836, começa a luta pela MANUTENÇÃO da nossa independência, e os
exércitos imperiais brasileiros, agora são “invasores”, “agressores”, “inimigos”!
Pois não reconhecem a independência deste território.
A CONFUSÃO
A confusão
estabelecida propositalmente pelos historiadores brasileiros, é de ACEITAR a
versão brasileira de que a Proclamação da República não aconteceu, e que tudo
não passou de uma revolta localizada, como as demais em outros pontos do
território brasileiro. Não aceitam nem mesmo a existência de separatistas entre
as forças de Bento, e propagam a idéia de que os farrapos lutaram
exclusivamente para a implementação de uma República Brasileira... O que é
hilário!
Peço, portanto,
encarecidamente, que pelo menos meus amigos, compatriotas, companheiros de
luta, enfim todos os que de verdade amam este chão, nossa cultura gaúcha e nossa
mais cara história, E AMAM A VERDADE, não cometam mais esta gafe.
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