03 dezembro 2006

Seria o Separatismo a melhor solução?

Resposta à Edson Casper, de São Paulo.
(ver comentário ao post de 24 de Novembro de 2006)

Amigo,

Podemos resumir teu post na última pergunta: “enfim, seria o separatismo a melhor solução?”...
Os separatistas convictos acreditam na Máxima de Bluntschli: “Toda nação é destinada a formar um Estado, tem o direito de se organizar em Estado. A humanidade divide-se em nações; o mundo deve dividir-se em Estados que lhes correspondam. Toda nação é um Estado; todo Estado, uma pessoa nacional”.
Ver em O separatista - 13 de Outubro de 2006.

Interessante notar que ao constatar que a “humanidade divide-se em nações” e “o mundo deve dividir-se em Estados” trás a idéia de que uma nação é uma formação natural, faz parte do mundo, da natureza, como a água ou o ar... Uma nação é parte da natureza coletiva do homem. Unidos em blocos perfazem nações distintas, segundo alguns fatores mais ou menos estanques: Clima, geografia, história, consangüinidade, origens, intervenções externas, e outros.
Em contrapartida aparece o “Estado”, que não é natural, mas uma convenção humana: Um contrato social onde se estabelecem por escrito as regras pelas quais uma determinada nação (que já deve pré-existir) usará de base para alcançar o bem-viver e o desenvolvimento.
Assim, a cada nação corresponde um Estado. Se ele não existe ainda, deverá sê-lo!
Esta a Máxima de Bluntschli.
Sabemos que há Estados que comportam nações diferentes (ao arrepio da lei natural). Porém para mantê-los unidos ou eles utilizam a força, ou cedem-lhes autonomia.

Assim como as famílias que moram em um edifício unem-se em condomínio para obter alguns serviços essenciais únicos para todos (limpeza, segurança, etc.) também algumas nações, especialmente se provém de uma mesma origem, unem-se em Federação, com o mesmo objetivo. Temos aqui o caso mais contundente dos Estados Unidos da América do Norte.

É, não é o caso do Brasil! (Creio ser perda de tempo entrar em detalhes que todos conhecemos).

Mas pode vir a sê-lo, com certeza! É o que nós, separatistas gaúchos, acreditamos...

A grande questão é: Formamos, os gaúchos, uma nação?
Seríamos suficientemente exclusivos para pretendermos criar um Estado independente?

Bem, ao contrário do que tu afirmas, nós temos uma origem bastante diferente da formação brasileira. A começar pelo fato de que, à época colonial, o extremo-sul da Colônia-Brasil era Laguna, em Santa Catarina... (E da Santa Catarina que conhecemos hoje, apenas os cômoros de areia da praia pertenciam a Portugal).
Peço que entre no link abaixo e o leia para que eu não tenha de repeti-lo todo aqui (Rio Grande Livre/Matérias).

Agora podemos afirmar com segurança, o Separatismo não é uma solução: É um caminho que nos poderá levar a ela!

Queremos um Brasil exatamente como os Estados Unidos, ou a Suíça, com seus “Cantões”: Estados (ou regiões constituídas em Estados) independentes, unidas apenas em alguns pontos comuns, como um condomínio de edifício, por exemplo... É a forma moderna de entender Federação!

Bem, para isso precisamos cumprir um ritual (o mesmo dos EUA): Precisamos de algumas colônias independentes, e precisamos que elas, por vontade própria, se unam em Federação em uma reunião semelhante à “Convenção da Filadélfia”. Para que seja válida é imprescindível estarem exercendo à plena sua independência, caso contrário a Federação estará viciada...

Estamos léguas desta situação, e andando no caminho inverso: A centralização!

O Separatismo vem dar um grito de alerta, chamar a atenção para esta problemática, entendendo que só a partir daí, da independência, teremos o direito de sonhar com um país grande e forte, capaz de fazer frente às exigências do mundo atual.

Sds
O Separatista

2 comentários:

Anônimo disse...

Agradeço mais uma vez a atenção que vcs deram ao meu post!

Bom, vamos por partes como diria jack:

Não vou discutir a Máxima de Bluntschli e declaração de direito dos povos, pois estes dois Teoremas estão absolutamente certos e são irrefutaveis!

Ao direito dos gauchos de terem seu estado-nação independente, outra coisa indiscutivel! A teoria dos Esteriotipos e do preconceitos tb é óutra coisa válida, vai ver que é por isso que este país (Brasil) ainda não foi pra frente. O excesso de esteriótipos,preconceitos e tabus está impreginado em toda antropologia brasileira, a este conservadorismo todo, agradeça a igreja católica!

RS, queira ou não, dividirá sim a mesma origem e outros aspectos do Brasil, um exemplo é lingua,a mesma colônização, a forma de organizar nossa sociedade, diferimos apenas na cultura !

Não que isso seja ruim, afinal, o Brasil tb se diferencia de portugal pelo mesmo motivo, e nem por isso, nós Brasileiros deveriamos ser pra sempre colônia lusitana! O mesmo ocorre no resto da américa latina, que fala espanhol, mas nem por isso é um pais só!

O modelo de Federação que vc discute é chamado de Confederação ou Commonwealt, ou seja, um edificio onde cada apartamento/famila é autonoma, tem seus próprias regras, seus própia cultura e sua própria sustentação mas compartilham um mesmo espaço com um conjunto de regras minimas e vc e sua famila, tem total direito de se sair do edificio quando lhe der na telha ... estamos longe disso, é como eu disse no post, "hoje somos unidos apenas no papel, mas cada estado briga um com o outro por impostos,investimentos e por poder ", o nosso governo sempre foi centralista, desde o império, ou seja, estamos mais como um dormitório de um pelotão de um quartel de recrutas recem alistado, estão ali contra vontade, e segue as regras por medo!

É aí que estão questão, se uma confederação brasileira ou até mesmo um dissolução total iria ser o caminho mais adequado pra nós, ao invés de seguir os passos americanos, pq não inovar? lá no EUA tb existe separatismo, a guerra da secessão foi uma anexão a força dos estados do sul + o méxico que não queriam fazer parte dos EUA e sim criar um país próprio, o mesmo ocorre com o alasca e com havai. Ou seja, mesmo com todo liberalismo deles, ainda tem correntes de lá dizendo que o EUA é autoritario, e isto, muito antes de seu George Bush!

É por isso, que creio que muitos movimentos separatistas são provincianos, ou seja, uma minoria oligarquia (elite) não está satizfeita com o poder central, e como "paises" não surgem como um ESTADO NATURAL, e sim um estado artificial. E muito destes movimentos depois da derrota, praticamente se dissolve.

De todos os gaúcho que conheço (aproximadamente uns 5), conhece o movimento farroupilha mas não concordam em um separatismo, não sei se está tendencia se repete aí, mas, então pq o movimento farropilha secessou-se?

Acredito, que, se a votade gaucha fosse de criar um estado, vcs com certeza já teriam feito, uma ótima oportunidade foi a ditadura militar, onde os movimentos conspiratórios contra brasilia estava em alta. Mas não houvimos falar de movimentos gauchos nesta época.
Pq será? será que pq o RS era o terceiro estado da "federação" que mais se desenvolvia em termos economicos e o que mais conseguiu manter do desenvolvimento daquela época, e o estado que mais cresceu em desenvolvimento humano durante está época? ????

Em nenhum momento quero ofender sua crença, quero apenas discutir os movimentos separatistas do brasil em um outra ótica! por isso, deixo uma pegunta que pode ser encarada como uma reflexão:

"Seria a Republica Rio-grandese, uma idéia feita apenas pra defender interesse oligarquicos ou seria mesmo um ESTADO NATURAL? E se for mesmo um estado natural, pq até hoje ele não brotou"?

Obrigado pela atenção
Edson

Humberto Reis disse...

Casper, vou comentar somente um aspecto do teu comentário (excelente, diga-se de passagem): sobre a pouca participação atual dos 'provincianos'.

Olha, sabemos que a mídia se transformou há algum tempo em elemento de poder. Tivemos em 92 uma retomada forte dos ideais separatistas, quando os libertários surgiam com voz de comando e a posição separatista tomava corpo. A mídia elegeu um porta-voz aleatoriamente - que não estava à frente nas rodas de discussões, ou seja, que não representava o real movimento político separatista que surgia - e o colocou 'no ar'. Não preciso dizer que o pronunciamento deste eleito pela mídia foi um desastre e acabou por enterrar qualquer tentativa autonomista.

Pelo contrário, entendo que uma posição favorável da mídia contribuiria para alavancar o movimento. Em poucos meses, teríamos um RS bradando em uníssono pela autonomia do Rio Grande.