05 dezembro 2006

Argumentos contrários

Resposta ao comentário de Edson Casper (ver abaixo).

Amigo Casper,

Espero não se importe se apontemos algumas distorções no ensino brasileiro com respeito às tuas afirmativas. Como possivelmente já sabes, não há isenção histórica!

Afirmas que...

Todos eles, como a farropilha, a de 9 de julho aqui em sampa e a do equador a do contestado, a de canudos e o cangaço, todas elas, não tiveram um "embalsamento" principal á cultura ou a Declaração de direitos dos povo, mas teve fims econômicos e de interesse de oligarquias provincianas!“

Isto é um ledo engano brasileiro.
Costuma-se colocar todas as revoltas dentro de um mesmo saco, com os mesmos objetivos e com o mesmo triste fim. Simplifica e desestimula o estudo mais profundo.
A Revolta Farroupilha se desenvolvia em âmbito colonial, ou seja, em todo o território da colônia-Brasil. Haviam paulistas farroupilhas, cariocas farroupilhas, paraibanos farroupilhas.
No Rio Grande, Bento Gonçalves e demais revoltosos farroupilhas defendem os interesses dos estancieiros rurais (sendo ele mesmo um deles); Defendem a troca de Presidente na província (indicado pelo Imperador); Defendem, à miúde, idéias novas de República e Federação trazidas principalmente pelos italianos desterrados; Defendem também idéias embrionárias de separação do Império e possível união com a Banda Oriental, o Uruguai.

Porém, amigo, a chamada Revolta Farroupilha e o que os levou a pegar em armas, tinha um único objetivo maior: A destituição do Presidente Fernandes Braga, cuja administração era desastrosa e funesta não só para os estancieiros, mas para todo o povo rio-grandense...
Uma vez satisfeita esta meta, uma vez sufocados os focos de resistência, ACABOU A REVOLTA FARROUPILHA! Os revoltosos deram-se por satisfeitos aguardando apenas o novo nomeado para o cargo.
A Guerra dos Farrapos, a verdadeira, aquela que é mais conhecida e estudada nos bancos escolares, começou em 11 de Setembro de 1836 e se estendeu até 1° de Março de 1845.
Aí sim, nesta Guerra dos Farrapos, os objetivos não eram “oligárquicos provincianos”, mas absolutamente separatista! No maior e mais completo sentido da palavra!
O objetivo libertário foi alcançado, mas não foi consumado!
Faltou pouco... muito pouco!
A consciência nacional no Rio Grande àquela época era muito forte. Embora não se discutisse isso com mais profundidade, era algo presente na vida de todos e a liberdade era um anseio natural. Não podemos esquecer que o Uruguai se libertara do Brasil há apenas oito anos!
O Rio Grande foi mantido unido ao Brasil través da força das armas e da persuasão... Daí a verdadeira enxurrada de títulos nobiliárquicos enviados a personagens nem tão ilustres do Rio Grande... A conquista pela cobiça... Mas sabemos de nobres gaúchos que recusaram os títulos de Sua Majestade!

É por isso, que creio que muitos movimentos separatistas são provincianos, ou seja, uma minoria oligarquia (elite) não está satizfeita com o poder central

Esta leitura está completamente equivocada. Justamente o contrário: a elite gaúcha, toda poderosa, é parte da elite brasileira, eminentemente centralista e sedenta de poder. É ela (mesmo a elite gaúcha) que mantém o povo na completa ignorância quanto à sua condição de escravo (Que entrega cinco meses de seu trabalho para os seus senhores oligárquicos, abastados de Brasília).
O povo é que é separatista... Mesmo sem se dar conta!
O povo se anoja com o “mar de lama” que vê em Brasília. O povo sabe que paga caro por serviços que não dispõem. O povo sabe que paga dobrado quando quer algum serviço público (auto-estradas, saúde, segurança, etc...). O povo sabe por intuição que um grupo homogêneo de pessoas tem mais chances de sucesso nos seus objetivos, se ele mesmo se auto-gerir – ao invés de ficar esperando pela boa-vontade de outro grupo alheio aos seus interesses.
Tudo isso, e muito mais, é a cartilha separatista... Uma exposição clara do que vem no inconsciente da maioria que ainda não foi desperta para este assunto, ou pior, foi mal dirigida no sentido de estereotipá-lo e mal compreendê-lo.
E note, esta “cartilha separatista” se aplica a todo o povo brasileiro, não só aos gaúchos... Razão pela qual nós defendemos que cada grupo cultural que vive no Brasil desperte-se e busque sua autonomia administrativa assim como o Rio Grande procura fazer...
Os paulistas têm, com certeza, muito maiores motivos para lutarem por sua autodeterminação... Basta mostrar-lhes a verdade. Basta descobrir o véu da ignorância política que tão habilmente os detentores do poder, por séculos, impuseram aos brasileiros!
O Brasil é um continente habitado por vários povos. Uma elite (cerca de 1%) os dominam, detentores do poder, detentores das Leis escritas por eles mesmos, detentores da economia e da mídia. Simples assim.
Espero que tenha conseguido responder algumas das questões, e peço desculpas se me excedi no fervor dos argumentos.

Sds
O Separatista

2 comentários:

Humberto Reis disse...

Concordo plenamente com o Romualdo, quando se refere às tentativas da elite em manter o poder centralizado.

Podemos pensar na RBS, por exemplo. O que querem os poderosos da RBS: deixar como está, ou mudar? Os dirigentes de empresas nacionais, com sede no sul (Azaléia, Grendene, Gerdau): preferem separar ou manter seu mercado?

Se o movimento autonomista gaúcho partisse da elite, já seríamos uma nova nação no mundo.

Anônimo disse...

olá!

mas uma vez agradeço a atenção dada pelo meu post.

vc disse:

Esta leitura está completamente equivocada. Justamente o contrário: a elite gaúcha, toda poderosa, é parte da elite brasileira, eminentemente centralista e sedenta de poder.

Toda elite é sedenta de poder, seja a gaucha, a paulista, a brasileira, a americana, enfim, seja ela com separatismo ou não !

Os antecedentes do movimento e da guerra farropilha propriamente dita, vinha com grande descontentamento gaúcho de está sendo explorado, já que o império comprava coisas da argentina e da inglaterra com menos impostos que os produtos gauchos, o povo com certeza sentiu isto, e como nós até hoje, tb sentimos, que somos feitos de palhaço (veja a crise aérea por exemplo, é o cumulo da centralização, onde o tráfego aéreo de continente inteiro é feito num unico centro de controle, um erro lastimavel ..).

Sem duvida que o povo gaucho ou de qualquer estado teria condições de iniciar um conflito separatista, mas em quase todos os caso aqui no brasil, a gota d'agua foi elite!

O exercito farropilha ficou 10 anos em guerra, agora, me diga, quem financiou tudo isto? Se manter um guerra é algo caro, como somente o povo gaucho que naquela época era bem pobre, poderia manter?

Mudando de assunto, pra não fica na mesmisse, vou tocar em assuntos de "futuro".

E deixo a pergunta:

O que é nescessário para hoje, se o povo gaucho quiser, realizar um peblicito validando ou não o tratado do poncho verde?

Este tratado é duramente questionado por praticamente todos os historiadores.

E será que se houvesse hoje este pleito, o "SIM" a independência iria vencer.

é algo arriscado, pois veja o que aconteceu com o referendo das armas, a oligarquia armamentista conseguiu virar o jogo, legitimando praticamente o direito de eu,vc ou qualquer um de comprar um arma e mater meu semelhante!

Obrigado
Edson