Roberto era um homem normal.
Até que, um belo dia perdeu totalmente a memória! Esqueceu tudo o que passou desde o seu nascimento até aquele dia. Continua sendo a mesma pessoa: As experiências, suas capacidades, sua cultura, continuam dentro dele, e exercem sua influência em sua vida... Mas ele não sabe de onde elas vieram!
Este homem infeliz ainda é um homem, mas não tem identidade... Não sabe quem ele é!
Como Roberto não conhece seu passado, também não tem perspectiva de futuro... Pois não reconhece suas capacidades e sua bagagem cultural.
Então, é assim que um homem perverso o encontra casualmente, vagando por uma rua deserta.
Fica sabendo de sua triste situação e resolve, por maldade, escravizá-lo.
Diz conhecer-lhe e faz Roberto pensar que é filho dele, narra-lhe fatos e dados fictícios, mentirosos, levando-o a crer que sua vida era outra, diferente da verdadeira... Que seu destino era o crime, junto com ele, seu "pai".
Roberto agora era manipulado por seu algoz - justamente por não saber a sua identidade!
Aceitava as orientações de seu “pai”, e vivia segundo as “suas” regras...
Com o tempo esqueceu-se de sua amnésia, e continuou sua vida no meio do crime, pensando ser realmente quem ele, de fato, não era!
Então, quando realizava um assalto a uma residência, deparou-se com o seu irmão legítimo!
Logo seu irmão o reconhece, chama-o pelo nome, identifica-se, e revela-lhe quem ele é e que está cometendo um erro, um crime...
Roberto estranha a reação daquela vítima, perturba-se, mas não acredita. Maltrata-o, chama-o de mentiroso, de estar inventando aquela história para se livrar do assalto.
Então seu irmão, um homem inteligente, fala da sua infância. Começa a citar traços culturais adquiridos pelos dois durante a vida e a mostrar-lhe que é diferente, em seus sentimentos e modo de ser, daquele homem que se diz seu pai!
Criou-se, assim, um conflito na vida de Roberto. Pois seu “pai”, ciente do perigo de que o irmão de Roberto poderia estragar seus planos, passa a forjar “provas” de sua infância, mostra-o que aquele homem (seu irmão legítimo) o está enganando, sabe-se lá com que intuito. Diz que abandonar seu pai é um pecado capital e que, sem seu auxílio e orientação, Roberto morrerá de fome!
Embora reconheça que seu irmão possa ter alguma razão, Roberto não cede, não acredita, porque seu “pai” fictício lhe apresentara muitas “provas” de sua vida pregressa, lembrando sempre as regras e as leis de vida criminosa que seu “pai” lhe ensinara, e que o obrigava a obedecer.
Seu irmão, porém, perseverava, insistia. Muitas vezes o procurou, depois daquele dia, para mostrar-lhe provas da sua verdadeira identidade, sua verdadeira cultura. Roberto reconhecia cada vez mais sua cultura, pois estava arraigada em sua alma... Passou a entender e reconhecer sua identidade... Passou a encontrar-se cada vez mais, e a enxergar o sentido de sua existência em si mesmo... Aquilo que seu irmão insistia em gritar-lhe aos seus ouvidos fazia cada vez mais sentido... Mas assim mesmo, por infortúnio de Roberto, ainda não conseguia desvencilhar-se do "pai": Medo da liberdade ou medo de castigo? As dúvidas permeavam a mente de Roberto e um conflito interno cada vez mais crescente consumia-o.
No fundo, no fundo, Roberto queria libertar-se de seu "pai"... Seguir sua vida de maneira independente! Sentia lá dentro que aquilo que seu "pai" fazia e dizia era errado... Era escravidão... Era contrário aos seus princípios. Com mentiras e fraudes, seu "pai" lhe dizia que era livre... Mas Roberto, no fundo, via que não era livre... E passou a admitir que ser quase-livre é pior do que qualquer prisão!
Mas continuava preso a ele, preso às suas leis, preso à falsa identidade que seu "pai" lhe fez pensar a vida inteira, e achava-se economicamente interligado à ele. Relutava na incerteza de que, uma vez independente, pudesse sobreviver por seu próprio trabalho...
É claro que podia, pois era sim muito capaz, mas lhe faltava convicção para tanto...
Seu irmão lhe orientava: bastava ele trabalhar honestamente, da forma como ele sentia que deveria trabalhar, fazer o que ele tinha por vocação, deixar agir a sua natureza, que, com certeza, ele não só sobreviveria como poderia se desenvolver muito mais, pois para isso tinha uma capacidade e uma bagagem cultural extraordinárias.
Roberto criticava as atitudes de seu pai, e via com simpatia a idéia de independência... Sabia lá no fundo que aquela era a única solução para a conquista da verdade e da liberdade! Mas as dúvidas o faziam relutar... Faltava a Roberto arrojo, determinação, atitude!
Mais fácil e mais cômodo era continuar naquela vidinha miserável, que já estava em andamento, do que se atirar em aventuras e brigas... Sim, certamente teria que brigar com seu pai por sua independência! E com certeza seria uma briga feia!
E TU, GAUDÉRIO DO RIO GRANDE ???
E tu, que relutas em assumir a tua cultura gaúcha, que te acovarda diante do gigantismo e prepotência brasileiras, que duvidas da capacidade de trabalho e produção do povo gaúcho, vais continuar nesta indecisão, como Roberto, sem arrojo, sem determinação, sem atitude?
Ouça, gaúcho, a voz do RSLivre que te conta e reconta a tua história verdadeira! Que briga por ti para que te libertes de uma vez da opressão da mentira, da escravidão da falsidade e da amnésia cultural imposta pela oligarquia brasileira!
Desperta e te afasta de uma vez por todas desta cultura e identidade mentirosas que te fizeram acreditar que pertences, e que achas que tens...
Descubra tua verdadeira identidade, reassuma tua verdadeira cultura, e conquista tua liberdade!
Dá o grito de independência! E segue tua vida como nação livre e independente! Pois é este o teu destino...
Romualdo Negreiros
Matheus Duarte
24 outubro 2009
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